quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Cachimbo - uma nova paixão, um novo amigo

Partilho convosco uma nova paixão.

Mais que um simples acto de intelectualidade ou prazer fumar cachimbo é uma arte.

Noutro dia, no Largo do Chiado,junto à celebre estátua de Fernando Pessoa, entrei na Casa Havaneza, especialista em cachimbos e charutos desde 1864, e conversei durante mais de uma hora com uma das colaboradoras. A sua forma simples e culta de partilhar comigo os seus conhecimentos sobre a arte de se fumar cachimbo fizeram-me vir para casa devorar páginas e páginas de artigos sobre o assunto disponíveis na web. No dia seguinte, já com a lição estudada, regressei à loja e comprei o meu primeiro cachimbo, as ferramentas necessárias e uma saqueta de tabaco Dinamarquês da marca Borkum Riff com ligeiro sabor e aroma a Champanhe.

No outro dia, à conversa com o meu primo, sem dúvida um dos meus melhores amigos, descobri que há mais de quarenta anos, quando regressou da Guerra Colonial (Moçambique) também ele comprou um cachimbo, mas apenas o utilizou uma vez. Eis o meu segundo cachimbo, mas este com um valor sentimental acrescido e incalculável.

Possuidor de dois cachimbos, ambos com o fornilho fabricado em madeira de raíz de Urze, dou agora os meus primeiros passos nesta arte sem fim.


Aos interessados deixo por curiosidade alguns links acerca da temática:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Cachimbo

http://jopa.no.sapo.pt/cachimbo/cachimbo.htm

http://atabacariaonline.shopping.sapo.pt/ATabacariaOnline/tabid/64/CategoryID/184/List/1/Level/1/Default.aspx

http://www.cachimboclube.pt/

http://www.amigosdocachimbo.com.br/artigos/art_cachimbo01.htm

"Escadas Rolantes"

Acordei um dia de manhã com o corpo suado da “ferozidade” dos sonhos que tivera minutos antes enquanto lutava paulatinamente para dormir. Acordei repentinamente e com o sol a entrar pelas vidraças da janela do quarto agradeci a mim mesmo por mais uma manhã de vida. As coisas já estavam todas ensacadas, prontas para a viagem, apenas faltava arrumar tudo bem arrumado no interior do espaço limitado do meu carro. Depois de todas as tarefas concluídas era já hora de regressar à família calorosa que me acolhe. Foram apenas 230 quilómetros mas pareceram um milhão – tamanha era a minha vontade de chegar ao destino. Para depois do jantar ficou logo agendado um café entre amigos, só não esperava que esse simples café num fim de dia de domingo fosse tão significativo para a brusca mudança da minha vida.
Enquanto me distraía a fumar um cigarro e a beber o último gole de um café Sical, por sinal bastante mal tirado e até mesmo queimado pela demora no interior do cachimbo da máquina, apreciava a monotonia cíclica das escadas rolantes do edifício. Pessoas, pessoas, pessoas, uma infinidade de pessoas, todas a fazerem exactamente o mesmo: ascenderem ao piso superior, exactamente o piso onde eu me encontrava calmamente a conversar com um casal de grandes amigos. Neste preciso momento não lhes estava a dar nenhuma atenção – fiquei colado a olhar aquelas escadas rolantes.
Como que de um flash repentino se tratasse surgiu no último degrau das escadas, o último naquele momento, o primeiro noutros, uma silhueta simples, disfarçada, bela.
Os seus olhos brilhavam de uma forma tão única que quase me cegavam. Foi como que um copo de chá quente numa tarde fria de Inverno ou um pedaço de chocolate amargo que se aprecia meigamente pela noite dentro enquanto se fuma um aromático tabaco em cachimbo e se lê um bom livro.

Hoje penso naquela noite e felicito-me a mim mesmo por lá ter estado naquele lugar, naquela hora, naquela cadeira, naquele ângulo.




Obrigado Joana, Tina e António por me ensinarem a voltar a sorrir.