quarta-feira, julho 08, 2009

Experiências Subaquáticas - Naufrágio do "Prim" - Figueira da Foz





Surgem os primeiros disparos de experiência. A água estava bem ao jeito do "Red Sea". Descíamos para contemplar o naufrágio do carregueiro "Prim", a quase 30 metros de profundidade, quando se verificou que a âncora do nosso barco de apoio não estava no sitio certo. Agarrado ao cabo deu para mandar uns disparos só para me deliciar com a qualidade das novas aquisições: Caixa estanque da Ikelite e máquina Canon G9. Obrigado Nuno Gonçalves, grande amigo.

quinta-feira, julho 02, 2009

Pedaços de pão

Ali na esquina da Rua Marquês de Pombal, numa calçada gasta pelas rodas de ferro dos antigos carros de bois e burros, cruzam-se idades igualmente gastas pelo tempo. Teias de aranha molhadas pelo orvalho húmido da noite que já passou. Uma aranha luta para caçar alimento para o novo dia e para a sua nova cria. De milhares de ovos só um deu origem a um novo ser. Motivo de alegria para a jovem mãe. Biologias à parte.
O chão está coberto de lixo urbano. A ruela parece ser o novo aterro sanitário do município, mas as sandálias geriátricas passam ao lado de tal realidade que já faz parte integrante do seu “modus vivendi”.
O contentor do lixo há muito que não é despejado. Dizem as línguas de café que os serviços municipalizados já não têm verba financeira para tal manutenção diária. Agora, os senhores da noite e dos carros do lixo já dormem sossegados com os canais respiratórios livres de cheiros nauseabundos.
Mesmo assim, sob tamanha realidade sufocante, o quotidiano continua a prevalecer. Os hábitos diários da mendicidade continuam a encontrar refúgio nesses reservatórios de subprodutos domésticos. Mãos negras e suadas rasgam os sacos do lixo numa incansável luta pela sobrevivência do momentâneo segundo. Basta um pequeno resto de pão duro para tapar na boca dos sem-abrigo os buracos vazios pela falta de alimento. Custa-me ser observador atento de tais realismos escuros. Custa-me permanecer impávido e sereno prostrado na plateia deste cenário escravizado pela minha impotência.
A outra face da moeda é ainda mais cruel. Jovens que vêm do nada e que agora tendo tudo quase se esquecem das suas humildes e paupérrimas raízes. Agora deixa-se de andar descalço, sujo e rasgado para se envergarem futilidades milionárias ganhas ao segundo, até mesmo enquanto se dorme. São os opostos, que neste caso especifico não se atraem. Há o “oito” e o “oitenta” e o meio-termo teima em sumir-se. Parece-me que o problema não está em existirem ricos, mas sim em existirem tantos pobres a mendigar pelas ruas da amargura. Pois, enquanto uns lutam constantemente por um pedaço de pão seco e duro outros esbanjam milhares em garrafas de champanhe caríssimo e afins.

Só Deus sabe o sofrimento que lhes vai na alma faminta de conforto, de ternura, de carinho e de pão.

Só Deus sabe quantos lhe suplicam diariamente pelo "pão nosso de cada dia nos dai hoje".