domingo, abril 01, 2007

Ou é, ou não é? Como é que é?

Acabou de jantar, pegou num guardanapo de papel e limpou das superfícies externas dos lábios os restos de comida que pingavam da boca. Agarrou no seu copo, ainda com um resto de vinho verde seco fresco, e, levando-o à boca, bochechou-a para retirar das entranhas dentais os pequenos fragmentos alimentares que por lá se alojavam.

_Escova e pasta de dentes?

_Não, obrigado, assim é mais rápido, ela nem se importa com a minha higiene oral, apenas quer a minha atenção, a minha calma, os meus bitaites de conversas sem jeito nenhum, só quer isso, mais nada. Fica bem, vou sair um pouco. Beber um copo, ou talvez, quem sabe... tomar um café com natas.

_ Boa sorte, companheiro de guerra-fria.

Entrou no café, naquele ao lado de sua casa, o Tasco, como lhe chama um dos seus muitos "amigos". Assim que o seu pé direito pisou o tapete de entrada começou logo a sentir calores. Não era ela, era a máquina do café que estava avariada e naquele preciso momento começara a deitar vapores quentes, vapores, calores… que máquina aquela!

Sentou-se, esticou o indicador e pediu um café cheio. Chegou dez minutos depois de o ter pedido, o que vale é que se foi entretendo a ler um pasquim regional. Não leu as notícias, não viu as fotografias, nem as publicidades, apenas se concentrou nos Classificados.

_ Tinha lá uma... bem, nem te digo nada. Linda, robusta, paradisíaca, mas... cara. Não tenho dúvidas de que necessitaria de bastante dinheiro para a sustentar. Aparentava ter muitas e grandes divisões, mas, como o preço fugia dos meus limites, fechei o jornal.

_Chegou, aí está ela, é mesmo ela.

Puxou de uma cadeira da mesa que estava vazia ao seu lado e pediu uma Super Bock Green. Bebeu-a de uma só vez, pagou e saiu. Ele saiu logo atrás, e gritou:

_ Ó jeitosa, ó, ó tu aí!! Ou é, ou não é? Como é que é?

_ É.

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