sábado, setembro 22, 2007

Simplesmente: a ausência do SIMPLES!

Congelo-me frequentemente a pensar qual será o verdadeiro significado banalmente atribuído à expressão “é simples”. Mas o que é que “é simples”?

Acredito que para um mecânico seja simples trocar a cabeça de um motor, acredito que para um chefe-de-cozinha seja simples fazer um bitoque com batatas-fritas e um ovo-a-cavalo, que para um alfaiate seja simples cortar tecido e fazer um belo traje africano, um sanguê, ou algo do género, que para um padre seja simples abençoar um retrato, que para um escritor seja simples juntar palavras e escrever um best seller, que para um economista ou um gestor seja simples deixar ao fim do mês alguns trocos de sobra na carteira, mas, e fica-se por aí o significado do “é simples”? – Acredito que não.

Assim sendo, continuo sem saber o que é que “é simples”.

Se o Homem é um ser imperfeito significa que também nas suas obras existem erros, concordas? Então, até um especialista comete erros. Se até um especialista erra significa que até nas coisas que para si são simples podem haver falhas, logo, se até naquilo que se domina existem erros onde reside a simplicidade? – o facto de uma coisa ser simples de fazer não significa que não se possa errar, era isso que ias dizer? Não digas.

Será correcto usar-se a expressão “é simples”?

É verdade que para algumas pessoas tudo parece, verbalmente, simples, contudo, também “é simples” ver-se pessoas a não conseguirem executar aquilo que intitulam de “simples”.

Como é que um ser tão complexo quanto o é o Ser Humano consegue ver simplicidade nas suas próprias obras? Apenas se pode encontrar, ainda que bruscamente, um resposta – classificar a dificuldade das coisas não é tarefa que esteja reservada aos humanos mas sim a Deus. Não quero, pois, reduzir ou desqualificar as capacidades que temos enquanto pessoas mas, na verdade nada numa vida complexa poderá ser “simples”.

Há heróis, vencedores e pessoas notáveis. Se chegar-mos perto dessas pessoas e perguntar-mos se foi simples chegar onde chegaram qual será a resposta?

_ Cheguei onde cheguei graças a muitos sacrifícios, foi preciso “comer o pão que o Diabo amassou” para chegar até aqui. Ora aí estão as belas das respostas estandardizadas sempre prontas a responder às “questões-tipo” frequentemente colocadas.

Acredito que “seja simples” dar uma resposta destas quando se quer tirar dela alguma rentabilidade e admiração.

Na verdade, parece-me que nada há e nada se consegue nesta vida sem sacrifício – dita-o o senso comum – e a simplicidade onde reside?

Há, no entanto, pessoas simples, mas, será simples viver de forma simples quando ao seu lado se erguem estranhas riquezas? Como consegue aquela criança brincar com um pneu de automóvel ou com um carrinho de madeira se ao seu lado um menino joga playstation e o seu irmão vê filmes no computador? É simples?

Como consegues tu percorrer quilómetros a pé com uma bacia cheia de roupa à cabeça para ires lavá-la ao rio mais próximo e veres que ao teu lado vive um senhor que na sua grande casa tem uma máquina na qual se mete a roupa suja e passados alguns minutos ela sai lavada, e que guarda alguns carros topo-de-gama na garagem ao lado dos seus barcos e motas-de-água? É simples?

Não é simples.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Isto fez-me lembrar algo...uma casa, um pais...é simples :)

1:26 da manhã  
Blogger Sofia Amaral disse...

que saudades tuas.... vamos bebr um chá e ficar a cnversar até as 4, 5 da manhâ sim?vamos? carmona tambem vens sim? beijinhos

6:25 da tarde  

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